domingo, 13 de março de 2011

Normas da ABNT para professores nota zero.

Este artigo foi publicado no site http://www.uipi.com/ coluna Professor nota zero

Lembro-me de uma discussão com uma professora quando cursava a faculdade de filosofia.

Ela chegava aos sábados para seu horário de aula dupla, ligava o retroprojetor, colocava a sala na penumbra e projetava infindáveis lâminas digitadas em tipos tamanho 12, sem margens.

Depois, com voz monótona lia tudo que estava sendo projetado.



Acompanhava a leitura descendo uma régua que permitia que ela não perdesse tempo procurando em que linha estava.

No dia da discussão, cutuquei a onça com vara curta perguntando-lhe na aula:

_Professora existem normas da ABNT para lâminas de professores ou só para trabalhos de alunos?

Pronto, estava detonada a 3ª guerra mundial.

A temida Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) era um pesadelo a todos os alunos. Havia até aqueles que faturavam uma graninha para o lanche formatando os trabalhos dos colegas dentro das normas da ABNT.

Aquela professora era uma grande conhecedora de sua matéria e uma pesquisadora com rigor científico. Eu admirava muito seu conhecimento e muitas vezes me beneficiei com seus comentários objetivos e pertinentes que enriqueciam meus projetos.

Mas no tocante a repassar conhecimento aquela professora era nota zero.



Percebia-se claramente que ela, sendo auditiva, acreditava que para todos nós bastava ouvir para aprender. Ledo engano!


Há, segundo a neurolinguística,  pessoas com percepções auditivas, outras visuais e outras ainda cinestésicas.



Para os auditivos sim, é relevante ouvir as explicações para conhecer e refletir sobre o que está ouvindo, mas para os visuais o importante é ver e para os cinestésicos é primordial que ele receba estímulos do movimento ou seja do fazer ou imaginar fazendo.



Acontece que sou visual e para nós visuais, as lâminas daquela professora, apenas com escritos e sem uma formatação com margens e grifos constituíam uma quase que agressão e contavamos com angústia os segundos que faltavam para o término da aula castigo.

Ivone Boechat em seu artigo: “Ensinar é aprender, não é transmitir conhecimentos” afirma:


 O professor, como agente de comunicação, transformou-se num dos mais pobres recursos e dos mais ricos. Quando se imagina dono da verdade, rei do currículo, imperador do pedaço, mendiga e se frustra. Quando se apresenta cheio de humildade, de compreensão e vontade de aprender, resplandece e brilha!

NOTA ZERO por colocar a sala na penunbra.

NOTA ZERO por acreditar que o conteúdo tem mais peso do que a transmissão do mesmo.

NOTA ZERO por defender uma posição de que basta ouvir para aprender.

NOTA ZERO para professores que lêem suas aulas.

Seria muito bom sim, que os professores pudessem conhecer as diretrizes orientadas pela ABNT para que os treinamentos sejam feitos com êxito.

Aguardo com ansiedade as reformas pluricognicivas dos currículos acadêmicos que já se iniciam no sul de nosso país, pois oferecer recursos didáticos aos professores é o início de uma real reforma didática na educação.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Mais nota zero na universidade

Elypaschoalick comenta sobre a repercussão que teve seu artigo “As universidades também têm nota zero”.
Recebi vários comentários sobre a matéria editada na coluna UIPI- nota dez/zero. A maioria testemunhando descalabros educacionais vividos nos muros das universidades.
Vou transcrever e comentar um que recebi de uma pessoa, que hoje adulta, é uma destacada escritora:
“A história relatada no artigo “As universidades também têm nota zero” me remeteu a dois episódios muito interessantes na minha vida.
O primeiro, eu era aluna do 2º colegial em uma escola particular aqui em Uberlândia e estava em semana de provas.

Assim que terminei as avaliações daquela manhã, acompanhada por um grupo de colegas, me dirigi ao pátio da escola e ao encontrar o professor de redação, o qual havia aplicado sua prova no dia anterior, perguntamos se ele já tinha um panorama das notas.

Então, ele se dirigiu a mim, com desdém e ironia, e perguntou: "Por que você quer saber? Você não saber escrever, suas redações são uma bosta!" (infelizmente, o linguajar usado foi exatamente esse!!!). Isso, na frente de vários colegas meus.
O segundo, foi em 1993, logo que passei no vestibular para Educação Física (o qual fui classificada em 6º lugar), na Universidade Federal de Uberlândia. Havia acabado de concluir o ensino médio e passara de primeira no vestibular.

Estava cheia de sonhos e expectativas, quando deparei-me com um poço de arrogância que se apresentava como nosso professor de Metodologia Científica.

Ele resumia o processo de avaliação da disciplina em dois caminhos: ou o aluno apresentava um projeto de pesquisa ou faria uma avaliação sobre todo o conteúdo teórico, no valor de 100 pontos.

Durante o semestre, ele solicitava que levássemos a aula as partes já escritas do projeto para leitura ao grupo e eventuais correções.

O tema era livre e, segundo ele, o que importava era a parte metodológica. Pois bem, por duas vezes durante esse processo de leitura dos trabalhos, ele se dirigiu a mim da seguinte forma:

"Seu trabalho está uma porcaria! Você não sabe escrever! Como é que você conseguiu passar no Vestibular, hein?".

Antes que houvesse uma terceira "humilhação pública", decidi procurá-lo em sua sala, no horário de atendimento ao aluno, para saber porque o meu trabalho era tão ruim e para minha surpresa a resposta foi a seguinte:

"Eu não tenho nenhum conhecimento sobre o assunto que você está tratando, por isso não sei se é ruim ou não. Simplesmente acho que seu trabalho é uma porcaria e você deveria abandonar a idéia de entregá-lo e fazer a minha prova valendo 100 pontos".

Então, eu respondi que não e fui em busca de outros professores que pudessem me orientar na estruturação do trabalho e na data marcada o entreguei.

Ele recebeu o trabalho em um dia e no seguinte viajou; então, não teríamos como pedir vista de notas e etc. Como resultado, ele me deu a nota mais baixa da turma.
Em ambos os casos, talvez uma outra pessoa tivesse sim absorvido negativamente esses insultos e criado um bloqueio imenso para escrever; mas, no meu caso não.

Tive excelentes professoras de português e redação, como a Prof.ª Ângela (Colégio Nossa Senhora), a Prof.ª Olga Helena (Anglo), a Prof.ª Carmem (Anglo), a Prof.ª Carmem (Nacional), a Prof.ª Ileide (Nacional), a Prof.ª Ione (Objetivo), a Prof.ª Lila (UFU) que não só corrigiram minhas falhas, como aprimoraram o meu gosto pela escrita e me incentivaram a colocar no papel as minhas idéias.

A todas essas professoras NOTA 1000, eu manifesto meu mais profundo respeito, carinho, admiração e saudades.
Hoje, como escritora, certamente não terei meus textos aceitos com unanimidade, pois cada um tem sua própria opinião, às vezes concordando, às vezes discordando; mas, sou muito feliz por escrever e ver que muitos simpatizam com minhas idéias e se manifestam positiva e carinhosamente à respeito”.
 Foi muito bom ter recebido este testemunho pois ele demonstra que professores realmente são formadores de nossa auto-estima.

Quando temos menos de 12 anos os comentários que ouvimos de nossos professores atuam de uma maneira mais forte e decisiva sobre nossa auto-estima.
Em qualquer outra idade de nossa vida os comentários feitos por pais, professores, maridos e outras pessoas afetivamente ligadas a nós reforçam o que pensamos sobre nós mesmos.
Este fenômeno acontece porque ao nos colocarmos como alunos frente ao mestre, aflora em nosso psique a criança que está dentro de nós.
Quando minha leitora escreve que apesar dos maus estímulos recebidos não deixou de escrever, com certeza, ela recebeu bons estímulos por ocasião de suas primeiras tentativas de expressar suas idéias e estes estímulos construíram uma base positiva e sólida para que ela, ao receber estímulos negativos, fosse capaz de superá-los e se sentir mais desafiada a ser melhor. 
NOTA ZERO a professor que usa palavras de baixo calão (fala nome feio a alunos).
NOTA ZERO a professor que oferece julgamento subjetivo aos trabalhos e produções dos alunos.
NOTA ZERO a professor que confunde “ser com fazer” e nesta confusão avalia seu aluno dizendo-lhe que ele é ruim quando deveria dizer que o trabalho do aluno está necessitando este ou aquele ajuste, esta ou aquela mudança.
NOTA DEZ aos professores da cidade de Uberlândia – MG- citados por esta leitora: Prof.ª Ângela (Colégio Nossa Senhora), a Prof.ª Olga Helena (Anglo), a Prof.ª Carmem (Anglo), a Prof.ª Carmem (Nacional), a Prof.ª Ileide (Nacional), a Prof.ª Ione (Objetivo), a Prof.ª Lila (UFU)
Fale comigo pelo: elypaschoalick@gmail.com
Saiba melhor quem é Elypaschoalick lendo aqui.
Leia sinopse do livro "Os 4 P's da Educação"