Um dia, caiu em minhas mãos, através da mãe do aluno abaixo citado, uma Ata encaminhada por uma escola do município de Uberlândia, ao promotor da criança e adolescente, feita por uma professora de artes.
A professora de uma escola municipal de Uberlândia inicia seu relato dizendo:
“Hoje o aluno (10 anos) estava atrapalhando o andamento da aula de educação artística (teatro), resolvi conversar com ele pois outras vezes ele já foi advertido por mim”.
“Pedi que ficasse em silêncio, respeitasse as regras da aula, senão teria que deixá-lo sem Educação Física. Utilizei esta estratégia pois outras vezes funcionou”.
“Então voltei à aula continuamos mas percebi que ele ainda atrapalhava”.
“Depois de alguns instante disse:
___Fulano, você está sem Educação Física!”
“Ao que ele respondeu: ___ Não estou!
Então deixei e continuei a aula”
Professora, com todo respeito, a senhora erra em intenção e ação.
Em intenção porque no lugar de resolver chamar a atenção do aluno motivada pelo fato de conseguir que ele participe de sua aula, o que seria um bom motivo, a senhora resolve chamar a atenção porque já o advertira outras vezes e motivada para que ele não atrapalhe sua aula.
Neste caso sua ação foi considerar sua aula como mais importante do que a participação do aluno em sua aula.
Por isso creio ser importante a professora dar mais valor a cada aluno do que a cada parte da atividade pré-programada pela senhora.
Digo que errou em ação porque ameaçou tirar-lhe a aula de Educação Física, a qual a senhora não ministra.
Não se corrige professora, com ameaças.
Ameaças e críticas são maneiras de afastar o indivíduo do compromisso consigo mesmo.
Ele passa a se compromissar com os prêmios e castigos.
Quando o aluno lhe respondeu: __ “Não estou!”
Deixou bem claro a ameaça que ele tentava fazer-lhe na intenção de confrontá-la oferecendo-lhe reciprocidade a sua ameaça ou seja ameaçando-a também.
O aluno usou a única arma que lhe restava: sua vontade.
A senhora cutucou a onça com vara curta. Por quê? Para que?
Mesmo que a senhora se defenda dizendo que sua intenção era incluí-lo participativamente em sua aula o que a senhora fez foi excluí-lo de sua aula e da aula de Educação Física.
Deparo-me com o restante de seu relato e percebo o tanto que a senhora deixa se irritar por este aluno. É preciso lembrar que a senhora é adulta e profissional e ele é criança e aprendiz.
Lendo o restante de seu relato fica claro como a senhora tentou que o aluno produzisse uma prova contra si mesmo e ainda assinasse uma confissão de culpa. Leiamos:
“Resumindo: a aula estava encerrando e resolvi registrar como ocorrência o porque da punição.”
“Chamei-o para assinar e ele assinou apenas os dois pré-nomes.”
“ Ao insistir para assinar o nome completo, o menor jogou minha caneta no chão e a chutou querendo me agredir.”
“Disse-lhe: Isto não ficará assim. Você precisa me respeitar! Vou lhe suspender!”
“Resolvi fazer isto pois esta é a punição mais extrema que posso realizar pois o aluno passou e passa dos limites.”
“Ele não tem respeito, está fazendo o que quer pois ninguém pode fazer nada. Já estou sabendo que conversar com a mãe não adianta.”
Neste relato fica claro para mim alguns aspectos implícitos na frase que expressa a atitude tomada pela senhora: “Então deixei e continuei a aula”:
1- O aluno não atrapalhava tanto assim pois a senhora continuou a aula com a presença dele.
2- A senhora deixou e continuou sua aula imbuída de um desejo de vingança pois sabia que ao final seria ganhadora na não inclusão dele na aula de Educação Física e numa possível suspensão – sua arma maior. (exclusão).
Logo depois a senhora chama o aluno para assinar e ele assina os dois pré-nomes.Sobre este fato concluo:
1- O aluno não é tão insolente ou sem jeito ou desrespeitador como a senhora afirma pois ele foi obediente e assinou.
2- A senhora não se contentou com o fato dele assinar uma prova contra si mesmo e exigiu que ele assinasse o nome todo.
Mais uma vez cutucou a onça com vara curta.
E o que deu? A onça reagiu: “o menor jogou minha caneta no chão e a chutou querendo me agredir”.
Sua maneira de tratar o menor foi desrespeitosa e em nenhum momento a senhora relata que estimulou-o a assinar o relatório como parte de um contrato, de um plano de ação para ele melhorar e crescer mais feliz, mais sábio, mais criativo, mais comunicativo e outras qualidades que a maravilhosa matéria que a senhora ministra propicia aos educandos.
Ao final a senhora efetua uma crítica à genitora do menor, como se ele fosse realmente um caso perdido.
Quando a senhora escreve: “está fazendo o que quer pois ninguém pode fazer nada” fica claro que seu desejo era agredi-lo ou excluí-lo e fico pensando o que está por trás do “poder fazer alguma coisa!”, que coisa?
Devolve-lo para a barriga da mãe?
Levá-lo para bem longe da escola e das suas aulas?
Com certeza fazer um acompanhamento amigável no sentido de conquistar este aluno para que ele se sinta compromissado com boas atitudes e zeloso por sua boa imagem não foram possibilidades de fazer algo que passaram pela sua cabeça.
Ao afirmar: “pois ninguém pode fazer nada” a senhora resolveu excluí-lo e rotulá-lo através desta Ata.
Finalizando o relatório a senhora chamou um monte de testemunhas... demonstrando o quanto se sente fraca, impotente e incapacitada para enfrentar mau comportamento de alunos.
Nota zero para a senhora professora de artes!
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